A capital paulista, cidade-sede e palco da abertura da Copa do Mundo no Brasil contará com outros eventos paralelos ao Mundial e receberá turistas que não virão para os jogos 1,2 milhão de brasileiros e 258 mil estrangeiros. Estes são os números de turistas que são esperados na cidade de São Paulo para o período da Copa do Mundo da FIFA, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Desde que a capital paulista foi escolhida em 2009 como uma das 12 cidades-sede do Mundial, diversas ações passaram a ser planejadas para a cidade receber bem estes turistas no período de junho a julho deste ano. Entidades como a SPTuris – São Paulo Turismo, empresa municipal de turismo e eventos, tem investido em cursos de capacitação turística, treinamentos em outros idiomas, sinalização turística, novas Centrais de Atendimento ao Turista, entre outras medidas para adequar a infraestrutura da cidade para o mundial. Porém, diferente de outras cidades-sede que também têm sido preparadas para receber milhares de turistas mas são menores, São Paulo, a maior metrópole do Hemisfério Sul não deverá parar totalmente em virtude do megaevento. Mesmo com quase todos os eventos corporativos comumente realizados na época adiantados para antes da Copa ou adiados para depois dela, a cidade continuará girando e gerando negócios, nacionais e internacionais.
Eventos durante a Copa
Até o mês de abril, 39 eventos foram registrados em junho e outros 44 eventos em julho, entre congressos, encontros, cursos e feiras, conforme o calendário de atividades da cidade do SPCVB – São Paulo Convention & Visitors Bureau. Como exemplos, a FISPAL Food Service (Feira Internacional de Produtos e Serviços para Alimentação fora do Lar) será realizada no Expo Center Norte de 24 a 27 de junho e a Casacor, feira de decoração e arquitetura, também acontecerá no período da Copa, de 27 de maio a 20 de julho no Jockey Club de São Paulo, sendo eventos que ajudarão a aquecer ainda mais o turismo no período. Para promover a cidade de São Paulo e destinos parceiros, a entidade está lançando em maio um projeto que exibirá dicas, promoções de estabelecimentos associados e passeios no período da Copa. O SPCVB, atualmente, conta com 57 cidades associadas que complementam a oferta de espaços de hospedagem, eventos e entretenimento de São Paulo.
Diária sobe nos dias de jogos
Os turistas que estarão em São Paulo neste período, sejam eles para assistir jogos ou não, enfrentarão uma inflação nas diárias nos dias que houver jogos: 12 de junho (abertura da Copa), 19 de junho, 23 de junho, 26 de junho, 1º de julho e 9 de julho. Um estudo realizado pelo TripAdvisor, com preços por UH coletados em janeiro deste ano, mostra que algumas regiões da cidade aumentarão drasticamente os valores da diária, principalmente nos dias das partidas. Pinheiros, por exemplo, apresenta o valor médio por dia mais alto entre as regiões avaliadas: R$ 874,25, um aumento de 67% em relação a um dia sem jogo no mesmo período. A região da República tem o maior aumento, de 145%, com preços médios em torno de R$ 581,66, e a Liberdade é o bairro que teve o menor aumento entre as regiões avaliadas, porém ainda alto – 14%, custando em média, R$ 302,82 por dia. Em toda a capital, o preço médio da diária em dia de jogos é de R$ 586,37, um acréscimo de 60% em relação a um dia sem jogos.
Ocupação hoteleira
Os hotéis associados ao FOHB – Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil na capital paulista estão com 59% de disponibilidade em apartamentos, outros 24% estão vendidos e 18% estão bloqueados pela Match Hospitality, sistema de hospitalidade oficial da FIFA. As devoluções da Match são previstas em contrato, desde 2007, e preveem devoluções em duas datas, de acordo com os sorteios dos jogos, ou seja, cidades que receberão jogos menos atrativos, terão mais disponibilidade de vagas. Para o FOHB, a cidade de São Paulo é capaz de absorver diversos eventos simultaneamente. Com o maior parque hoteleiro do Brasil, a capital paulista ainda dispõe de grande disponibilidade para o período da Copa, ou seja, o hóspede de negócios terá espaço em toda a rede hoteleira paulistana, mesmo durante o mundial de futebol. Nesse caso, cada hotel criará sua política comercial para que possam aquecer as vendas no período, como ofertas e descontos para todo o período.
A ABIH/SP – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo espera que a ocupação cresça entre 4% e 7% em 2014, um registro que será maior que o obtido em 2013, quando cresceu apenas 1%. Segundo Bruno Omori, Presidente da entidade, a Copa do Mundo espremeu o calendário de eventos corporativos na cidade, como simpósios e treinamentos, o que mais movimenta São Paulo e garante alta ocupação nos hotéis. Em média, a capital recebe 1.250 eventos por semana que acontecem dentro de hotéis, fora os eventos realizados em centros de convenções e exposições, mas que não acontecerão ou serão realizados em menor número no período do Mundial. Ele explica que apenas os dias de jogos garantirão alta ocupação nos hotéis, com exceção do jogo entre Coréia e Bélgica em 26 de junho, considerado fraco em relação aos confrontos entre Inglaterra e Uruguai (19 de junho) e Chile e Holanda (23 de junho), além do jogo de abertura. “O problema está no intervalo dos jogos. No Nordeste, por exemplo, o mês de junho sem a Copa do Mundo estaria mais vazio, mas em São Paulo acontecem a FISPAL, a FRANCAL, a ABIMAD entre outros grandes eventos que foram reagendados. As pessoas virão para a abertura do torneio, depois vão embora. No intervalo de 13 a 18 de junho, por exemplo, é preciso criar eventos de promoção da cidade e eventos culturais”, declarou. Exatamente nestes intervalos dos jogos, os hotéis oferecerão até 50% de desconto por conta da ocupação abaixo da média, dentro da campanha promovida pela SPTuris, a São Paulo Best Week, que pode ser aderida por qualquer hotel neste período. De acordo com o presidente da ABIH-SP, se comparado com 2012 e 2013, São Paulo terá uma ocupação menor neste período, mas que deverá ser recuperada com uma maior ocupação dos participantes dos eventos corporativos que foram reagendados.
Para Omori, a Copa terá um saldo positivo para São Paulo porque dará muita visibilidade à cidade. “Das 32 seleções, 15 ficarão no estado de São Paulo. Fora Ribeirão Preto, que é um pouco mais longe, as seleções que ficarão na capital usarão a cidade para fechar negócios, para a área de telecomunicações, entretenimento, e assim por diante. Além disso, a ABIH tem 18 reuniões marcadas com as patrocinadoras de seleções durante a Copa, nas quais 80% delas querem vender seus produtos para os hotéis brasileiros, e por isso procuram a entidade para saber como entrar no mercado e 20% delas representam fundos de investimentos e procuram hotéis para comprar no Brasil e em São Paulo. Por este motivo a Copa é tão interessante para todos”, afirmou o presidente da associação.
De acordo com Omori, os hotéis foram preparados principalmente para o público que virá à São Paulo por outros eventos. Porque apesar da demanda da Copa, em virtude do bom sorteio de chaves para a cidade, este público não será suficiente para alcançar 100% de ocupação nos hotéis pelo tamanho de São Paulo. Segundo ele, a cidade vai ajudar tanto o Rio de Janeiro, o único que tem demanda de 100% de ocupação nos 30 dias, como Cuiabá, por exemplo, se precisarem de hospedagem. Quanto ao bloqueio da Match Hospitality, Omori diz que para São Paulo, especificamente, foi uma parceria muito boa, pois ao invés de haver cancelamentos, houve ainda mais pedidos de ocupação feitos à ABIH. “São Paulo será o segundo maior receptivo durante a Copa, atrás apenas do Rio de Janeiro. O maior legado deste evento para a cidade é a promoção do País em âmbito mundial, onde canais de comunicação poderão divulgar a cultura, culinária e costumes brasileiros”, conclui.