ABIH/SP fala de concorrência desleal em fórum da OMT no Uruguai

Os hóteis do Brasil perderam oito pontos percentuais de ocupação entre 2014 e 2015, caindo de 55% para 47%. Foi um ano que a crise econômica e política do País coincidiu com a explosão das plataformas digitais de hospedagem na região. Bruno Omori, presidente da ABIH-SP e diretor na ABIH Nacional (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira), representou as entidades no Primeiro Congresso Iberoamericano da OMT sobre a Economia Colaborativa no setor de Hospedagem.

Quais são suas conclusões após esta reunião?

Esta reunião foi muito importante porque nós pudemos entender quais são os problemas que cada país ibero-americano tem com relação à economia compartilhada no setor de hospedagem. O mais importante são as propostas de solução que agora podemos fazer junto com a OMT e com os demais países para que a legislação do Brasil acompanhe a evolução da tecnologia e as condições que os empreendimentos hoteleiros podem ter. Hoje há plataformas que não pagam impostos, não oferecem segurança para os turistas nem proprietários. É muito importante a discussão destes temas. Os hotéis estão perdendo receita e demitindo funcionários. Uma decisão da OMT apoiando os países e associações do setor é muito relevante.


Quais os impactos dessa prática no Brasil?

Em algumas cidades vinculadas principalmente ao turismo corporativo, de um ano para outro, se perderam 30% ou 40% dos hóspedes, especialmente com a concorrência da economia colaborativa. Por exemplo, se há um congresso médico de 700 pessoas, somente 500 vão a um hotel; e a ocupação nessas cidades caiu até 20%. É muito impactante para a economia.  

Bruno Omori fala sobre concorrência desleal em fórum da OMT no Uruguai



Como se explica que o Airbnb seja aceito como fornecedor oficial de hospedagem para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro?

Isso é um grande problema. Algumas autoridades não entendem o turismo como uma atividade importante. Em comparação com o México, Japão ou Espanha, onde o turismo é uma prioridade, o Brasil não passa do décimo lugar de importância. É um grande problema. Ainda que o Rio de Janeiro não tenha a capacidade hoteleira necessária para os jogos, as soluções têm que ser legaus: têm que passar por quem está registrado, cumpre a legislação, tem que apoiar a quem gera emprego, paga imposto, faz a economia girar.

Os hoteleiros do Brasil tiveram reuniões com representantes do Airbnb?

Eles nunca tiveram, não diria que nunca tiveram a coragem, mas nunca tiveram a vontade de sentar e conversar conosco. Temos tido discussões por meio da imprensa. Um diário importante nos entrevista, os entrevista também e depois tira suas conclusões. Temos discussões, mas por meio da imprensa. Nunca nos sentamos juntos, eles não quiseram, nós convidamos muitas vezes mas não tiveram coragem. Para eles, como foi expressado com este congresso, é mais fácil permanecer na obscuridade, fora da lei, porque não têm que competir conosco nas mesmas condições. Preferem colocar dinheiro em um evento, aparecer publicamente desta forma, mas jamais discutir com os empresários ou com as autoridades.


As agências online também significam um problema para a sua atividade ou não?

Não, com as agências online trabalhamos com as taxas das comissões que pagamos, mas são nossos sócios na tarefa de vender hotéis, muitas delas têm associações extraordinárias com os hotéis. Conversamos e discutimos, mas não é um problema.

Qual é a ocupação atual nos hotéis brasileiros?

A cidade de São Paulo o ano de 2015 fechou entre 52% e 53%. No Estado de São Paulo, 49%. E em todo Brasil foi 47%. Perdemos oito pontos de ocupação por causa da crise econômica e política. Recuperamos turistas da região, é verdade, com o dólar a quatro reais, mas o turismo de negócios está muito debilitado.

 O executivo já tinha feito críticas ao Airbnb em entrevista ao HOSTELTUR BRASIL Notícias de Turismo. “É a mesma coisa que vendermaconha, afirma. “Quando você permite que algo ilegal aconteça, como esses aluguéis, você abre brechas para uma série de outros crimescomo o tráfico de drogas, a prostituição, agressões. Não tem segurança. O cliente não sabe para onde ele está indo e a pessoa que recebe também não sabe quem vai chegar”, comenta ele em Crescimento da oferta de hospedagem alternativa deixa mercado em alerta

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