Setor hoteleiro mira clientes que buscam tranquilidade no Carnaval
Após retração nos anos de crise, redes esperam ocupação média de 95% para o período festivo; valorização da moeda norte-americana deve aquecer procura de brasileiros por destinos locais
Com expectativa de registrar 95% de ocupação neste Carnaval, o setor hoteleiro tem como uma de suas apostas o público que busca tranquilidade em vez dos blocos de rua. Entre os desafios, está a crise econômica na Argentina, que pode comprometer a chegada dos tradicionais hóspedes para a data comemorativa.
Após observarmos queda nos últimos três anos no setor, o litoral norte de São Paulo, por exemplo, deve chegar próximo da ocupação completa para o período de Carnaval. Também registramos nesse período o aumento do número de turistas estrangeiros, especialmente uruguaios, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (Abih-SP), Bruno Hideo.
De acordo com o dirigente, a maioria dos estrangeiros sul-americanos tem optado por pacotes fechados e familiares em locais das regiões Sudeste e Sul do Brasil, os quais são mais baratos em relação a outras localidades como o Nordeste.
Segundo dados da entidade, a região Sul registrou taxa média de ocupação de 60,7% durante todo o ano de 2018, alta de 4,1% sobre o ano anterior. O Sudeste, por sua vez, obteve avanço de 6,6% na mesma base de comparação, chegando a 57,8% da hospedagem. Já o Norte teve o melhor desempenho, com incremento de 17,7% na base interanual, resultando em 56,1% de ocupação total.
A rede de hotéis Residence dos Búzios e Byblos prevê uma menor demanda por parte dos hóspedes argentinos neste Carnaval. Temos estimativa de ocupação de 85% para a data. Há uma retração do número de reservas realizadas por argentinos e chilenos, além da diminuição de voos regulares desses países para o Rio, relata o proprietário do grupo hoteleiro, Thomas Weber.
Com pacote de R$ 4 mil por quatro noites para o período, Weber explicou que a alta do dólar pode desestimular planos de viagens internacionais dos turistas brasileiros e impulsionar um maior movimento por destinos nacionais. Pode ser que o câmbio ajude a compensar a redução de estrangeiros nas reservas, disse. Além disso, o executivo conta que existe um maior movimento de famílias e casais pela compra desses pacotes.
O grupo hoteleiro diRoma, de Caldas Novas (GO), espera ocupação de 100% para o Carnaval deste ano. Nosso público geralmente é bastante fiel. A maior parte é de famílias em busca de descanso e tranquilidade nesse feriado, diz o superintendente do grupo hoteleiro, Aparecido Sparapani, ressaltando que um dos principais atrativos da região são as águas termais do Centro-Oeste do Brasil.
De acordo com ele, os pacotes costumam variar entre R$ 1 mil e R$ 3,5 mil. A oscilação de valores ocorre conforme a estrutura da unidade, a qual pode oferecer, ou não, o acesso aos parques aquáticos. Ainda segundo Sparapani, a grande maioria dos hóspedes do complexo é de brasileiros.
Na avaliação do diretor de operações da plataforma comparadora de preços Kayak, Eduardo Fleury, em 2019 há uma queda na busca por destinos internacionais e perspectiva de crescimento para viagens no território nacional para o Carnaval. Com a alta do dólar, registramos uma grande busca por destinos nacionais, sobretudo para praias brasileiras, afirmou Fleury.
Segundo o levantamento realizado pela empresa, em 2018 os destinos mais procurados foram Salvador (52%), Recife (46%), São Paulo (40%), Belo Horizonte (37%), Florianópolis (36%), Fortaleza (25%) e Rio de Janeiro (18%). Além disso, o levantamento indica redução média de 24% no preço das passagens aéreas para este Carnaval em relação ao ano passado.
Carnaval de rua
O presidente da Abih-SP conta que outro movimento que tem impulsionado o turismo nos grandes centros é a cultura dos blocos de rua. Nos últimos anos, vemos também a evolução do Carnaval de rua, o que tem estimulado o segmento de hotéis super econômicos, declarou o dirigente.
Ainda de acordo com o dirigente, os blocos de rua também atraem turistas sul-americanos em busca de opções mais baratas do que os tradicionais destinos do Brasil. Atualmente, os estrangeiros representam em torno de 5% do total de participantes desses blocos de rua, diz Hideo, lembrando o fato de que o perfil de gastos dos turistas latinos é tradicionalmente semelhante aos brasileiros dentro desses eventos de rua.