Entrevista do presidente da ABIH-NACIONAL para o Diario do Turismo

Segundo ele, governo acena com um pacote de medidas que vai mudar o projeto da desoneração

Por Paulo Atzingen, da WTM

SÃO PAULO – Durante o primeiro dia da Terceira Edição da WTM LATIM AMÉRICA e o 43º Encontro Braztoa que acontece no Expo-Center Norte, em São Paulo, o DIÁRIO conversou com Enrico Fermi Torquato, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABIH – Nacional) e Bruno Omori, presidente da ABIH-SP.  Fermi fez severas críticas ao modelo econômico e a forma de gestão que estão sendo conduzidas a política econômica que penaliza o setor hoteleiro. Acompanhe entrevista:

DIÁRIO – Qual análise você faz dessa retração econômica, talvez fruto de questões relacionadas à política, especialmente do ponto de vista do empreendedorismo hoteleiro?

FERMI TORQUATO – Com muita preocupação, principalmente porque o nosso setor vinha crescendo em torno de 10% ao ano e nós tivemos, com essa estagnação política, com essa indefinição, temos estados como Pernambuco, por exemplo, que tem 85% de média de ocupação, caiu para 40% em função da desaceleração econômica e do recuo dado nos projetos que lá existiam. Um exemplo é Pernambuco, que tinha uma  fonte de investimentos de 50 bilhões [de reais].

DIÁRIO – O senhor pode dar detalhes?

FERMI TORQUATO – O governo está paralisado e agora querendo nos cobrar uma conta que nós não criamos. A energia, por exemplo, que é nossa segunda fonte de custos, depois de mão-de-obra tivemos um aumento de 40%. Agora o governo acena com um pacote de medidas que vai mudar o projeto da desoneração, o setor hoteleiro foi incluído no plano Brasil Maior e foi o único que deu retorno, mesmo com a redução da tributação, ele cresceu em arrecadação.

DIÁRIO – O corte de custos seria a melhor saída?

FERMI TORQUATO – Exato. Estamos sendo chamados agora, houve um aumento da alíquota, no que diz respeito à questão previdenciária, da folha de pagamento, onde pagaremos essa conta. Por outro lado, não vemos disposição do governo em cortar custos. São inúmeros cargos, ministérios demais e esse dever de casa não está sendo feito. A sociedade civil organizada vai se manifestar, vai ser contra toda qualquer ação que for feita para que passem mais encargos ao nosso setor.

DIÁRIO – Como está o engajamento das ABIHs estaduais?

BRUNO OMORI – Temos participado ativamente, junto com a ABIH Nacional e as outras entidades, trabalhando cada questionamento.  Foi criada uma frente parlamentar de turismo em São Paulo unindo-se a cada estado com suas lideranças para que possamos discutir questões como mercado, legislação, aumento da taxa de acessibilidade nos quartos, entre outros assuntos. São medidas, pautas, que estão dentro do Congresso e que irão afetar diretamente a economia, a capacidade de geração de renda e emprego no nosso setor. Os outros estados estão participando ativamente, as bancadas federais de cada estado estão sendo mobilizadas através dos seus presidentes estaduais.

DIÁRIO – Qual sua análise do novo ministro?

FERMI TORQUATO –   Nós acreditamos que a ida do Henrique Eduardo Alves para o Ministério do Turismo, o Ministério perde na questão técnica mas ganha muito na questão política, tendo o em vista o bom trânsito que ele tem junto ao Palácio do Planalto e as grandes lideranças do país.

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