Após onda de febre amarela, turismo e hotelaria de Mairiporã (SP) organizam recuperação
O setor hoteleiro e as empresas de eventos de Mairiporã (SP) sofreram com a baixa movimentação turística nos últimos meses. Segundo dados da prefeitura, o fluxo de visitantes baixou 60% desde que começaram a ser confirmados casos de turistas que contraíram o vírus da febre amarela em visitas ao destino. Com o números de enfermos diminuindo e campanhas de vacinação prosperando, a cidade agora se articula para voltar a receber viajantes.
Nas projeções da Secretaria Municipal de Turismo de Mairiporã, março já deve começar a mostrar uma reação. Com o avançar do ano, os índices do início de 2017 devem voltar a ocorrer, gradualmente, avalia a pasta.
A reativação da engrenagem do turismo é aguardada com ansiedade pela população da cidade, que tem na atividade a base da economia. Cerca de 40% da mão de obra ativa do município atuam em empresas que atuam no setor. A maior parte está empregada em hotéis e espaços de eventos (sociais e corporativos). “Temos aqui mais de 200 espaços utilizados para festas e eventos organizados por viajantes”, revela Annibale Tropi Somma, secretário municipal do turismo. Na conta da administração municipal entram hotéis, pousadas, resorts, sítios, chácaras, centros de convenções e bufês.
Em fevereiro, segundo a secretaria, alguns indícios da reação já começaram a ser notados. Eventos e reservas hoteleiras, cancelados no início o ano, voltaram às agendas. Apesar disso, a prefeitura ainda mantém a recomendação para que os visitantes cheguem à cidade imunizados. “Nosso papel passa pela conscientização”, pontua Somma.
De acordo com o secretário, a falta de turistas entre novembro e janeiro foi o preço pago pela transparência demonstrada nesse processo. “Nunca omitimos informação e sempre alertamos sobre a necessidade de turistas chegarem vacinados, assim como 100% da nossa população está”, assegura.
Recuperação hoteleira depois da febre amarela
A volta por cima no turismo e na hospedagem de Mairiporã é uma certeza no raciocínio de Bruno Omori, presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) de São Paulo. O dirigente fala em “queda pontual” e destaca a excepcionalidade da sequência de pessoas infectadas. De acordo com Omori, ao contrário do que ocorreu com a zika, pelo menos o fluxo internacional não foi afetado.
“Com a febre amarela há vacinação disponível na maioria dos países e quem viaja regularmente já está imunizado”, afirma. Na lógica de Omori, o brasileiro foi quem deixou de frequentar a cidade. O presidente crê que, com a intensificação das campanhas de vacina, a movimentação já esteja normalizada em abril.
Antônio Pereira, gerente geral de dois hotéis na cidade, sentiu na pele a queda que começou em novembro e teve seu ápice no Carnaval. Refúgio Cheiro de Mato e Refúgio Vista Serrana, ambos do mesmo grupo e gerenciados pelo executivo, viram a ocupação cair 80% frente a outubro, último mês de ocupação considerada boa. “Nossos dois hotéis têm forte vocação para eventos. A falta deles foi muito impactante”, afirma o gestor.
A estratégia dos dois empreendimentos agora envolve ações agressivas nas mídias sociais, campanhas de publicidade em revistas locais e estaduais, além de presença ostensiva da equipe de vendas em empresas e parceiros. “Acreditamos na retomada a partir deste mês. Esperamos, até as férias da metade do ano, restabelecer nossa rotina”, comenta.