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Mesmo com os segmentos de gastronomia e hotelaria em crescimento, a mão de obra existente não acompanha o mercado - Imagem: Chin Onn Ong/Pixabay

Hotéis, bares e restaurantes do litoral paulista sofrem com falta de mão de obra para encarar a temporada

Entidade que representa o setor hoteleiro se queixa que candidatos às vagas de emprego não aparecem para trabalhar após as entrevistas

Alguns dos segmentos que registram maior movimento durante a temporada de verão, nas cidades do litoral paulista, como o setor de hotéis, bares e restaurantes, vêm sofrendo com a falta de mão de obra para atender aos turistas entre os meses de dezembro e fevereiro. De outro lado, postulantes aos cargos se queixam da baixa remuneração e das exigências que as empresas impõem.

Os segmentos de gastronomia e hotelaria são os que mais crescem dentro da cadeia do turismo em todo o país, situação que se reflete no litoral paulista. A cada ano, surgem dezenas de restaurantes, bares, hotéis e pousadas, mas a mão de obra existente no mercado não acompanha o crescimento, de acordo com proprietários de restaurantes, que acrescentam que o problema é registrado durante o ano inteiro.

Segundo os empresários do setor gastronômico, faltam cozinheiros, auxiliares de cozinha e atendentes na linha de frente. Já os hotéis e pousadas afirmam que sentem dificuldades para contratar recepcionistas, camareiras, concierges e, os que possuem restaurantes, os mesmos profissionais dos meios gastronômicos convencionais. E, segundo eles, quando há mão de obra, falta especialização e qualificação.

Em uma rápida pesquisa feita em sites de prefeituras, que divulgam vagas por meio do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) ou balcões de empregos, a reportagem contabilizou 36 vagas disponíveis em Caraguatatuba; 36, em São Sebastião; 44, em Ilhabela; 17, em Praia Grande e 66, em Itanhaém, para recepcionistas de hotéis e pousadas, cozinheiras, auxiliares de cozinha, pizzaiolos, sushimans, chefs de cozinha, camareiras, cumins, sem contar as vagas para trabalhos de manutenção de hotéis.

Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), existem no estado de São Paulo sete mil vagas no setor, número que confirma a diferença entre alta de demanda e falta de profissionais disponíveis.

Levantamento feito pela entidade indica que entre as funções mais procuradas pelos empresários do setor estão auxiliares de cozinha (70% deles buscam esses profissionais); garçons (54%); atendentes (48%) e cozinheiros (42%). O piso salarial para auxiliares de cozinha é de R$ 1.804,00.

Nível de experiência

Marcelo Carlos,  sócio do restaurante de praia Pitanga, de Ilhabela, disse: “Embora seja mais difícil, nossa cozinha está completa. São profissionais que requerem um nível de experiência que está difícil no mercado. Quando sobra tempo, é necessário moldar o funcionário para se adequar”.

Segundo ele, para a temporada de verão, sua equipe ainda não está completa. “Vamos alinhando (as contratações) conforme se aproxima (a temporada) para não gerar custos fora de hora”.

De acordo com Marcelo Carlos, ao menos os profissionais que trabalham como bartenders têm melhorado em Ilhabela, devido aos cursos que ocorrem durante o ano pela ABL (Associação de Bartenders do Litoral).

Já a parte de atendimento, segundo ele, tem muitos jovens preocupados em tirar o pedido, mas poucos com característica de vendedores. “Como somos um restaurante de praia, que requer mais mobilidade devido o ‘peso’ da areia, é mais difícil achar pessoas com experiência. Temos de ter paciência e ir orientando dia a dia para termos um serviço que agregue valor. Falta pouco para a temporada, e o preparo da equipe é fundamental para atingirmos as metas traçadas nesse período, que representa 38% do faturamento anual, entre dezembro a fevereiro”, conclui.

Candidatos não aparecem

“Está extremamente difícil contratar mão-de-obra e o problema não é de agora, acontece o ano inteiro”, diz, taxativo, Rodrigo Tavano, vice-presidente da Abih-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), referindo-se à região do litoral norte de São Paulo.

Segundo ele, muitos candidatos querem “escolher” que tipo de trabalho desejam realizar. “Alguns hotéis recebem muitos currículos, mas, quando os candidatos são chamados, apenas cerca de 20% comparecem para as entrevistas. E são recorrentes os casos de contratação de parte desses 20% que acabam não aparecendo para trabalhar, o que faz com que os hotéis e pousadas tenham que agendar nova rodada de entrevistas, atrasando todo o processo de seleção”, pontua.

Ele próprio vem enfrentando dificuldades. Proprietário de uma pousada em Caraguatatuba, Tavano afirma que abriu cinco postos de trabalho para a próxima temporada. “Eu e minha esposa entrevistamos cerca de 40 candidatos, mas dois ou três dos selecionados trabalharam apenas dois dias e desapareceram. Do restante, nenhum apareceu para trabalhar”, lamentou.

Tavano observou que há certa facilidade em contratar candidatos de outros estados. “Neste ano, contratamos uma candidata de Pernambuco e outra do Espírito Santo. São pessoas que deixaram seus estados para morar na região e que realmente precisam de um emprego”, salientou.

O vice-presidente da Abih-SP afirma que o problema se agravou após a pandemia, e que as dificuldades na contratação de mão de obra se devem, em parte, à concessão de diversos benefícios, pelo governo federal. “Isso estimula que as pessoas vivam dos benefícios e não queiram trabalhar”.

Fonte: Reginaldo Pupo – Costa Norte